O AVIADOR QUE ABATEU ÓSCAR MONTEIRO TORRES

Na fotografia, tirada em 1917, vemos o Leutnant Rudolf Windisch, nascido em 27 de janeiro de 1897. Veste o uniforme da força aérea do reino da Baviera, que diferia ligeiramente do do reino da Prússia, que se vê mais frequentemente. Notem-se os punhos das mangas.

Este homem foi o piloto alemão que abateu o capitão Óscar Monteiro Torres no fatídico dia 19 de novembro de 1917.

O seu relatório relativo ao combate, curiosamente, tem um lapso de data, pois menciona o dia 18 e não o 19. Esse é um erro típico, que se encontra constantemente na documentação daquela época (por exemplo, as discrepâncias entre os documentos portugueses e os franceses acerca dos mesmos eventos são muito frequentes), mas a descrição, a hora e o local tornam inequívoco que se tratava do combate que vitimou Óscar Monteiro Torres.

De acordo com o relatório de Windisch, o combate deu-se sobre a pequena localidade de Laval-en-Laonnois, que dista de Laon apenas 10Km. Ora, foi para o hospital dessa cidade que Monteiro Torres foi transportado, gravemente ferido, tendo morrido nessa madrugada. 

O Capitaine Lamy, comandante da Escadrille SPA 65 e companheiro de Monteiro Torres na patrulha das 14 horas, descreveu o combate em duas cartas separadas, uma dirigida ao capitão Norberto Guimarães e outra ao Ministre du Portugal (embaixador): Monteiro Torres virou sobre a sua esquerda, picou o seu SPAD em direção ao solo, perseguido pelo Albatros listado de preto e branco de Windisch que disparava munições incendiárias, e "desapareceu atrás dum bosque".

A unidade a que pertencia Windisch quando derrubou Monteiro Torres, a Jasta 32b, foi formada em 22 de janeiro de 1917, mas era então uma unidade prussiana, a Jasta 32 (Königlische Preussischer Jagdstaffel 32). Em 17 de julho de 1917, a unidade passou para a dependência do Ministério da Guerra da Baviera e foi redesignada Königlische Bayrischer Jagdstaffel 32(b) (o sufixo "b" significando que se tratava duma unidade bávara). Em 10 de janeiro de 1918, foi transferido para a Jasta 50 e no dia 24 do mesmo mês assumiu o comando da Jasta 66.

SPAD de Monteiro Torres foi a sexta vitória do alemão, que viria a obter mais 16 antes de ser por sua vez derrubado e capturado pelos franceses em 27 de maio de 1918. Foi-lhe atribuída a condecoração "Pour le Mérite" em 6 de junho, quando já estava no cativeiro. A sua morte é um dos muitos mistérios da guerra: embora a sua presença na prisão esteja relatada pela Cruz Vermelha e por pilotos franceses, ele não regressou. Faleceu em data incerta, nunca tendo as autoridades francesas prestado qualquer esclarecimento sobre a sua morte.

 A fotografia, que pertence à minha coleção pessoal, é um dos postais editados pela firma W. SANKE em 1917, com o número de referência 578. Como a impressão era obtida por processo direto, existem algumas pequenas variações nas nuances de cinzento. Trata-se dum interessante documento para o detalhe da História da nossa Aviação Militar.

Uma próxima mensagem será dedicada ao combate que foi causa do falecimento de Óscar Monteiro Torres.

Augusto Mouta

Comentários

Mensagens populares deste blogue