CONDECORAÇÕES MILITARES FRANCESAS

Fotografadas a partir de exemplares da minha coleção particular, as condecorações militares francesas que foram atribuídas durante a Grande Guerra por mérito militar. São todas de uma excecional beleza.

Da esquerda para a direita:

1. Légion d'Honneur. Por ordem hierárquica, a primeira das condecorações francesas. Criada em 1802 por Napoléon Bonaparte, era em rigor, e continua a ser, uma Ordem Nacional não restrita aos militares. O exemplar fotografado corresponde ao grau de Chevalier. Óscar Monteiro Torres, postumamente, e Alberto Lelo Portela em vida, foram agraciados com a Légion d'Honneur, grau de Chevalier;
2. Médaille Militaire , a segunda na hierarquia, foi criada em 1852 por Louis-Napoléon Bonaparte. Nenhum aviador português foi agraciado com esta medalha; 
3. Croix de Guerre. Esta condecoração foi criada em 1915 para responder à necessidade de atribuir uma medalha aos militares citados por casos concretos de bravura em ações de guerra citadas nos reportes diários das unidades. Poderia ser atribuída por qualquer nível da hierarquia militar, sendo necessário que o militar fosse referido por escrito nas comunicações oficiais das unidades. Para receber as estrelas ou palmas que valorizavam esta condecoração, era necessário ser citado múltiplas vezes ou por níveis diferentes da hierarquia militar. No verso, esta medalha trazia o ano da sua primeira atribuição, podendo portanto ser de 1915, 1916, 1917 ou 1918. O exemplar fotografado foi atribuído em 1916, e o seu detentor original alcançou uma palma e cinco estrelas em combate. Vários pilotos portugueses receberam esta medalha, desde logo os que estiveram nas Escadrilles da Frente. Destaca-se, em especial, Alberto Lelo Portela, cuja Croix de Guerre ostentava três palmas de bronze e uma estrela de vermeil (prata dourada). A condecoração foi-lhe imposta numa cerimónia especial pelo general comandante da IVème Armée pela valentia demonstrada em combate durante a batalha pela cidade de Reims. Refira-se que nessa batalha, no combate travado no dia 30 de maio de 1918, Lelo Portela abateu um drachen alemão, vitória que lhe foi oficialmente reconhecida pelo Exército Português e motivou a sua promoção a capitão por mérito;
4. Médaille du Blessé. Medalha de caráter semioficial, atribuída a militares feridos em combate, da qual existem três modelos ligeiramente diferentes da palma que rodeia a estrela vermelha. Dentre os pilotos portugueses, Paulo Sousa Gomes, enquanto membro da Escadrille F 2 / AR 2, foi o único que a recebeu, por ferimentos em combate ocorrido em 4 de março de 1917. Paulo Sousa Gomes foi, aliás, o único português que integrou oficialmente o quadro da Aéronautique Militaire francesa, com o posto de Sergent, entre 2 de agosto de 1916 e 17 de outubro de 1917, tendo estado na Frente entre 9 de janeiro e 12 de outubro desse ano. Esse piloto foi, também, o primeiro português a ser condecorado com a Croix de Guerre, em 21 de outubro de 1917, citado por dois atos de valentia ocorridos em abril e em junho.

Refira-se que o maior orgulho de qualquer militar francês era ser portador das três medalhas que atestavam a sua valentia, a Légion d'Honneur, a Médaille Militaire e a Croix de Guerre.

Augusto Mouta