ESCOLA DE AVIAÇÃO DE JUVISY, FINAL DE 1917

Esta mensagem é dedicada à fotografia que ilustra o fundo da página de abertura do Blog.

Nela vemos um conjunto de aviadores militares, na sua maioria, mas não todos, já com o brevet genérico que os habilitava a voar, mas ainda sem a formação militar específica completa. Aliás, dois deles não conseguiriam obter a sua qualificação como pilotos militares.

O local, é a École d'Aviation Militaire de Juvisy, um dos centros de instrução mais importantes da França. A data, é o terceiro trimestre de 1917. Numa comunicação feita ao Chefe do Estado-maior do CEP datada de 10 de novembro de 1917, o capitão Norberto Guimarães, comandante dos Serviços de Aviação do CEP, refere estarem 16 oficiais a receber instrução nesta Escola.

No entanto, estão 17 oficiais nesta fotografia extraordinária. Quem são, então, os homens aqui presentes?

Apesar de não ter sido fácil identificá-los, tal foi possível, sem margem para dúvidas. 

Eis os seus nomes, da esquerda para a direita, em pé:

  • Tenente Brito Pais - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.098, obtido em Juvisy em 29 de novembro de 1917, expulso dos Serviços de Aviação do CEP em 2 de janeiro de 1918 devido a um problema disciplinar. Viria, mais tarde, a notabilizar-se em voos como o raid aéreo Lisboa - Macau em 1924;
  • Alferes Felgueiras e Sousa -  Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.304, obtido em Juvisy em 5 de dezembro de 1917, expulso dos Serviços de Aviação do CEP em 2 de janeiro de 1918 devido a um problema disciplinar. Viria a ser integrado em junho de 1918 na Esquadrilha Expedicionária a Angola, operando aviões Caudron G.4, entre 1918 e 1921 (Serviço de Aviação Colonial);
  • Alferes Roby Miranda - Brevet da Aéronautique Militaire obtido em Juvisy em data indeterminada de novembro ou dezembro de 1917;
  • Tenente Almeida Pinheiro - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.175, obtido em Juvisy em 2 de dezembro de 1917, viria a partir uma perna durante a instrução de combate (voo de conjunto e acrobacia) na École d'Aviation Militaire de Pau;
  • Alferes Eduardo Santos Moreira - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.180, obtido em Juvisy em 2 de dezembro de 1917, viria a integrar sucessivamente as Escadrilles C/ SAL 18 e SOP 278, pilotando, sucessivamente, aviões Caudron G.6Sopwith 1A.2, entre 3 de fevereiro e 3 de março de 1918, na companhia do tenente Pedro Jones da Silveira;
  • Capitão Ribeiro da Fonseca - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.174, obtido em Juvisy em 2 de dezembro de 1917, expulso dos Serviços de Aviação do CEP em 2 de janeiro de 1918 devido a um problema disciplinar;
  • Tenente João Salgueiro Valente, um dos primeiros onze pilotos da Aviação Militar, formado nos EUA e em França, que obteria o Brevet da Aéronautique Militaire n.º 4.516 em Chartres, em 18 de setembro de 1916. É, portanto, o único piloto veterano presente na fotografia. Posteriormente, viria a integrar a Escadrille de caça N 158, pilotando aviões Nieuport Ni.27, entre 11 de janeiro e 8 de março de 1918;
  • Tenente Carlos da Cunha e Almeida - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.177, obtido em Juvisy em 2 de dezembro de 1917, viria a integrar a Esquadrilha Expedicionária a Angola como 2.º Comandante, operando aviões Caudron G.4, entre 1918 e 1921 (Serviço de Aviação Colonial);
  • Alferes Sousa Lobo - Depois de passar por Juvisy, passou pela École d'Aviation Militaire d'Étampes, mas não conseguiria obter o brevet, ficando de fora da Aviação Militar;
  • Alferes Alfredo Guimarães - Idem;
  • Alferes Paiva Simões - Brevet da Aéronautique Militaire obtido em Juvisy em data indeterminada de novembro ou dezembro de 1917;
  • Alferes Ulisses Alves - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.377, obtido em Juvisy em 7 de dezembro de 1917, viria a integrar brilhantemente a Escadrille SOP/ SAL 263 entre 25 de abril e 17 de junho de 1918, pilotando, sucessivamente, aviões Sopwith 1A.2 e Salmson 2A.2, e posteriormente a Esquadrilha Expedicionária a Angola, operando aviões Caudron G.4, entre 1918 e 1921 (Serviço de Aviação Colonial);
Sentados, da esquerda para a direita:

  • José Antunes Cabrita - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.262, obtido em Juvisy em 4 de dezembro de 1917, viria a integrar a Escadrille SOP 208, pilotando aviões Sopwith 1A.2, entre 7 e 21 de fevereiro de 1918. A sua saída da Escadrille foi devida a um grave acidente com um Bréguet XIV no Groupe des Divisions d'Entraînement, em Le Plessis-Belleville, no dia 22 de fevereiro de 1918;
  • Alferes Viriato Cabrita - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.141, obtido em Juvisy em dezembro de 1917;
  • Alferes Miranda da Costa - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.248, obtido em Étampes em 3 de fevereiro de 1918;
  • Alferes Metelo Lys Teixeira - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.250, obtido em Étampes em 3 de fevereiro de 1918;
  • Tenente Pedro Jones da Silveira - Brevet da Aéronautique Militaire n.º 10.306, obtido em Juvisy em 5 de dezembro de 1917, viria posteriormente a integrar as Escadrilles C/ SAL 18 e SOP 278, pilotando, sucessivamente, aviões Caudron G.6Sopwith 1A.2, entre 3 de fevereiro e 3 de março de 1918, na companhia do alferes Eduardo Santos Moreira.

 Como se vê, um grupo de pilotos com percursos pessoais assinaláveis, numa época difícil, dura e exigente.

Augusto Mouta

(Fotografia da Ilustração Portuguesa 609, coleção pessoal)

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